-
Arquitetos: Frederico Valsassina Arquitectos
- Área: 1941 m²
- Ano: 2016
-
Fabricantes: Gyptec
Descrição enviada pela equipe de projeto. A herdade do Freixo, com cerca de 300ha, e 26ha de vinha apresenta-se como uma paisagem tipicamente alentejana, ondulante, diversificada e com interessantes pontos de vista sobre a envolvente. Pontuada por aglomerados de zambujeiros, oliveiras e azinheiras, concentra ainda numa das suas elevações um Monte, identificado por construções tipicamente rurais que o definem.
A morfologia do terreno existente foi assim determinante para a definição do projeto, tornando-se imperativo mante-la inalterada ainda que sujeita a uma intervenção com este volume de construção. Toda e qualquer intervenção não poderia pôr nunca em causa o equilíbrio encontrado no local. A Adega surge assim na continuidade da paisagem, fundindo-se com toda aquela extensão.
O cruzamento funcional, a relação interior/exterior e natural/artificial denunciam a existência de um pressuposto interior, com o qual não temos contacto visual imediato. Surge como um acidente artificial cujo anonimato se vai perdendo à medida que se percorre permitindo circuitos diferenciados que se cruzam no cerne da intervenção, o pátio central, elemento aglutinador de todas as circulações.
Apostou-se assim numa transição fluida e sequencial dos espaços que se pretende que comuniquem física e visualmente. Estes sucedem-se, proporcionando, à semelhança do que acontece na topografia da herdade, vistas sobrepostas, diversificadas, que indiciam que existe mais para além do que está diretamente ao nosso alcance. A linguagem depurada das formas arquitetónicas tira assim partido do efeito cénico do edificado, cativando o visitante e convencendo-o a percorrer a totalidade dos espaços de modo a se perceber o todo e entender a hierarquização funcional entre eles, distinguindo e individualizando cada uma das zonas industriais e sociais que o compõem.
Na produção, a opção de enterrar a Adega, projetando-a em vários pisos a mais de 40m de profundidade, permitiu que se utilizasse a força gravítica no processo de vinificação, respeitando assim as massas vínicas e utilizando as mais avançadas e inovadoras técnicas de enologia. Foi ainda possível por este motivo criar as melhores condições térmicas para a conservação dos vinhos dada a redução da amplitude térmica e aos valores baixos de temperatura.